domingo, fevereiro 22, 2009

Do carnaval




Carnaval é um conjunto de festividades populares que ocorrem em diversos países e regiões católicas nos dias que antecedem o início da Quaresma, principalmente do domingo da Qüinquagésima à chamada terça-feira gorda. Embora centrado no disfarce, na música, na dança e em gestos, a folia apresenta características distintas nas cidades em que se popularizou.

O termo carnaval é de origem incerta, embora seja encontrado já no latim medieval, como carnem levare ou carnelevarium, palavra dos séculos XI e XII, que significava a véspera da quarta-feira de cinzas, isto é, a hora em que começava a abstinência da carne durante os quarenta dias nos quais, no passado, os católicos eram proibidos pela igreja de comer carne.

A própria origem do carnaval é obscura. É possível que suas raízes se encontrem num festival religioso primitivo, pagão, que homenageava o início do Ano Novo e o ressurgimento da natureza, mas há quem diga que suas primeiras manifestações ocorreram na Roma dos césares, ligadas às famosas saturnálias, de caráter orgíaco. Contudo, o rei Momo é uma das formas de Dionísio — o deus Baco, patrono do vinho e do seu cultivo, e isto faz recuar a origem do carnaval para a Grécia arcaica, para os festejos que honravam a colheita. Sempre uma forma de comemorar, com muita alegria e desenvoltura, os atos de alimentar-se e beber, elementos indispensáveis à vida.




Enquanto isso, no país do carnaval...



O goveno patrocina a farra dos eleitores. Todos os carnavais recebem incentivos e verba de leis que classificam o carnaval como “cultura”. Sendo “cultura”, pode ser financiado com dinheiro público. Enquanto o povo brinca, pula, come a vontade, não percebe o que está por detrás dos panos.

Enquanto se preenche o “tempo livre” com pão e circo, ninguém irá preparar uma revolução para contestar os mandos e desmandos da política. E isso corresponde o sucesso dos carnavais, ano após ano. Todos discutindo a melhor fantasia, o melhor samba-enredo e escolas. Os olhares do Brasil se voltam para as avenidas e sambódromos do Rio e São Paulo. Só o carnaval de Brasília não se tem notícias.

Nem todo mundo pode ter um carnaval feliz. Alguns morrem, outros ficam feridos, outros cheios de seqüelas. A festa que era de todos acaba se tornando festa de poucos. Abusam do álcool e da direção. Todos se transformam, mudam de face. O carnaval virou recipiente de degenerados. Quem vai pensar em política numa hora dessas?

Então, carnaval é o melhor negócio para entreter o povo. Para fazer o povo esquecer que tem um país abandonado e sem iniciativa. Muito mais rentável, pois nele tudo se paga. E a procura é grande. Se Otávio Augusto* tivesse a mesma ousadia dos marqueteiros modernos, ele saberia explorar muito mais o potencial do pão e circo como acontece agora. Ele não precisaria distribuir gratuitamente à população. Bastava uma boa propaganda para encher os cofrinhos do império. Todo mundo estaria feliz e não encontraria tempo para criticar o seu governo.

*Primeiro imperador romano que governou de 27 a.C. a 14 d.C. Entre as principais medidas tomadas em sua ditadura está à política do pão e circo. Distribuía gratuitamente trigo para os pobres e organizava espetáculos públicos de circo. Com tais iniciativas, se tornou bastante popular e teve apoio massivo da população romana. Entretanto, nunca foi um homem democrático. Limitou o poder do Senado e matou seus inimigos. Fez o império prosperar, mas com grandes sacrifícios.

Um comentário:

Anônimo disse...

Uma pequena gota de lucidez nesse mar de ilusões, cores e "beleza". Enquanto isso, estudamos para quem sabe um dia, se não for necessário que dancemos conforme a música carnavalesca do Brasil, mudar a cara do país, abrir os olhos do povo e não sermos mais meros formadores de opiniões inteligintes cujas vozes fraquejam e são abafadas pelo batucar dos bumbos e pandeiros.